A humorista Dani Calabresa contou esta semana que está grávida aos 43 anos de idade. A notícia surpreendeu alguns internautas, afinal, um dos fatores de maior impacto nas chances de gravidez é a idade da mulher, uma vez que ela nasce com uma quantidade pré-determinada de óvulos, que também sofrem diminuição na qualidade com o passar dos anos, com redução considerável das chances de gravidez após os 35 anos.
Então, como é possível engravidar após essa idade? A resposta foi dada pela própria humorista em uma das postagens: a realização de uma Fertilização In Vitro (FIV). "A FIV consiste na fecundação dos óvulos com os espermatozoides em laboratório, formando embriões que, após certo tempo de desenvolvimento, são transferidos para o útero da mulher para gerar a gravidez", explica o especialista em reprodução humana Fernando Prado, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Vale ressaltar que, assim como no caso de gestações naturais, as taxas de sucesso da FIV também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que a idade do óvulo utilizado é que determina a chance de gravidez. "Para se ter uma ideia, a chance de gravidez na FIV com óvulo próprio aos 44 anos é de 5% e aos 45 anos é menor que 1%", explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
Mas, no caso de Dani Calabresa, foram utilizados óvulos congelados anteriormente pela humorista, o que aumenta as chances de gravidez por FIV. "Mulheres com até 35 anos, se congelarem pelo menos 20 óvulos, têm chances de 80% de conceber pelo menos um filho. Se os mesmos 20 óvulos forem congelados entre os 35 e 37 anos, a chance de gravidez é de 65%. Já se o congelamento desses 20 óvulos for feito entre os 38 e 40 anos, a probabilidade de a mulher ter no mínimo um filho é de 55 a 60%", destaca Rodrigo.
Segundo Fernando Prado, o congelamento de óvulos é realmente uma das melhores estratégias para preservação da gravidez em mulheres que desejam adiar a gestação. "O congelamento de óvulos, também conhecido como criopreservação, consiste no congelamento dos óvulos em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C, o que inativa seu metabolismo sem prejudicar sua viabilidade. Dessa forma, os óvulos congelados podem ser usados futuramente em tratamentos de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro, para garantir que a mulher possa gestar uma criança", detalha o médico.
Tanto para a FIV quanto para o congelamento de óvulos, a paciente passa pelo mesmo processo, com a única diferença que, após a coleta, os óvulos são congelados em vez de serem fertilizados em laboratório e transferidos para o útero.
"Leva aproximadamente três semanas para completar o ciclo de congelamento de óvulos e é consistente com os estágios iniciais do processo de fertilização in vitro, incluindo: uma a duas semanas de pílulas anticoncepcionais, para desativar temporariamente os hormônios naturais, e cerca de 10 dias de injeções de hormônio, para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos. Depois que os óvulos amadurecem adequadamente, eles são removidos com uma agulha colocada na vagina sob orientação de ultrassom, o que é feito sob sedação intravenosa. Imediatamente em seguida, os óvulos são congelados. E quando a paciente está pronta para tentar a gravidez, o que pode acontecer muitos anos depois, os óvulos são descongelados, injetados com um único espermatozoide para obter a fertilização e transferidos para o útero como embriões", esclarece Rodrigo Rosa.
O especialista acrescenta que, cerca de uma a duas semanas após a realização da FIV e transferência do embrião, é feito um teste para ver se ele está devidamente aderido ao útero. "Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que a mulher finalmente está grávida. Com o teste positivo, inicia-se o período final de espera: as 38 semanas até o parto. A partir daqui a gestação segue normalmente como qualquer outra", afirma.