O músico Nando Reis, de 61 anos, abriu o coração sobre o vício em álcool em seu novo álbum, Uma Estrela Misteriosa Revelará o Segredo, o primeiro que o cantor produziu totalmente sóbrio. Em recuperação há oito anos, ele explicou os efeitos das substâncias e contou como trata o assunto com os filhos, Theodoro, Sophia, Sebastião, Zoe e Ismael.
"Eu sou alcoólatra, sou dependente químico e essa adicção, como qualquer adicção interferiu muito na minha vida. Mas, diferentemente do que as pessoas creem, ela não é determinante para a qualidade da sua produção", afirmou.
Ele falou sobre o uso de álcool e cocaína: "Tinha um sentido desinibitório e de quebra de uma espécie de inércia que tem a ver quase com um traço depressivo, de insegurança numa relação angustiada com a própria capacidade de criação".
"Para mim é indiferente as músicas que eu fiz alterado ou as músicas que eu fiz sóbrio, a criatividade é minha, o talento é meu, o desenvolvimento da linguagem é meu. O assunto da minha música está muito relacionado a questões existenciais, angústias, temores e tudo mais", explicou ao site Breeza.
Nando contou que não costuma conversar com os filhos sobre o assunto. "Nunca conversei muito. Eu sempre soube que todo mundo fuma maconha, quase faz parte do ritual da vida das pessoas. Eu e Vânia {Passos, esposa do cantor], a gente sempre observou o quanto isso tinha um componente temerário, nunca incentivei", disse.
"Claro, quando observei em alguns deles, em determinado momento, um uso excessivo, que me parecia criar um torpor, me incomodava. E eu, como tinha já, mesmo sem reconhecer, noção das minhas questões com a adicção, sempre olhei do ponto de vista de alerta. Falei, que perigo, isso pode dar merda. Eu nunca fui um apologista", acrescentou o artista.
Sobre o uso de maconha, ele disse que começou jovem. "Fazia muito, fez parte na minha adolescência. Eu parei de fumar, porque eu tive pânico, acho que com 18 anos. Eu devo ter fumado, digamos, continuamente com a maior quantidade dos 14 aos 18", detalhou.
No entanto, o autor de Epitáfio destacou que sua opinião não deve ser levada à risca. "Todas essas minhas observações são de ponto de vista pessoal, daquilo que eu vejo, mas, obviamente, eu posso dizer que eu acho que o uso de cocaína e de álcool da forma comum, não só eu, muita gente usa, ele não é benéfico".